Tuesday, May 30, 2006

3. Para onde ir?

Se esse uso comum, que nos permite dizer que de filósofo todo mundo tem um pouco, é o nosso ponto de partida, devemos agora pensar sobre para onde queremos ir, sobre qual deverá ser o nosso ponto de chegada. Vamos adotar um lema: vale mais ir devagar na direção certa do que correr rumo a um abismo. Não é certo que temos um ponto de chegada. É melhor falar em direções. No nosso caso, em que se trata de uma disciplina de estudos chamada “Filosofia e Ensino de Filosofia”, precisamos levar em conta a existência de uma tradição milenar, desde a antiga Índia, na qual se fala de “filosofia” em sentidos mais complexos do que esse do cotidiano, quando apenas queremos indicar, e vagamente, a idéia de princípios, jeito de ser, modos de ver a vida. Precisamos nos meter dentro dessa tradição para dali extrair, se for possível, algum sentido unificador, algum significado dessa expressão que justifique o fato de se tratar de uma área de conhecimentos valiosa para ser ensinada, e não um simples jeito pessoal de levar a vida.

1 Comments:

Blogger Gisele Secco said...

Este problema é fundamental: mostrar pra essa gurizada que há algo de importante no modo de analisar o mundo do ponto de vista deste algo tão inalcançável para eles, que se chama FILOSOFIA. Importante para passar no vestibular? Bem, não há como fugir desta resposta agora, nós, pelo menos aqui da Boca do Monte, não podemos mais fugir desta realidade, das preocupações de um aluno que diz: "Profe, eu fico confuso, porque estou tão acostumado a pensar da maneira 'normal' (não procurando interpretar os significados das pelavras usadas nos argumentos, sem pensar nos princípios que estão na base das ações mais comuns)... a filosofia deixa a gente assim mesmo?"
Ou então uma outra, que esses dias disse "Estava agora aqui na aula pensando numa coisa que eu fiz, se foi certo ou errado... Será que eu tava filosofando, profe? Eu acho que sim, porque por um momento eu me peguei me perguntando de onde foi que veio esse 'certo ou errado'"
Veja: eles podem pegar o fio da meada, mas é preciso sim, ao contrário do que o Guiraldhelli disse (!), pensar em uma didática de filosofia que leve em conta a realidade dos alunos, suas vidas morais e argumentativas...
Se não, a filosofia vai continuar sendo "uma viajem", "inútil", etc, etc, etc...

7:04 PM  

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